Mesmo não havendo motivo para pânico por parte da população santa-mariense, a onda de assassinatos registrada este ano em Santa Maria mobilizou as forças de segurança.
Em duas reuniões, uma na segunda-feira e outra realizada ontem à tarde, na sede da Delegacia Regional da Polícia Civil, Brigada Militar (BM), e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) definiram as primeiras medidas que serão adotadas para conter os crimes contra a vida registrados na cidade.
Nos primeiros 13 dias de 2014, seis pessoas foram assassinadas. O número é seis vezes maior do que o mesmo período de 2013 _ apenas em 29 de janeiro a cidade atingiu seis homicídios. Apesar de não haver ligação entre os casos, eles demonstram pelo menos dois fatores em comum: dos seis homicídios, cinco envolvem pessoas egressas da cadeia e em todos os casos houve uso de arma de fogo.
Segundo o subcomandante do 1º RPMon da BM, major Paulo Antonio Flores de Oliveira, além da realização de patrulhas simultâneas nos locais com maiores índices de criminalidade, serão feitas operações integradas entre BM, Polícia Civil e Susepe para fiscalizar a situação dos presos dos regimes aberto e semiaberto.
Para que as ações resultem no efeito esperado, as forças de segurança usarão do fator surpresa. Conforme o oficial, a prioridade serão os bairros onde foram registrados os últimos homicídios e outros crimes graves: Nova Santa Marta, Tancredo Neves, Vila Kennedy, Vila Maringá e o local conhecido como Beco do Beijo, no bairro Camobi.
_ Vamos intensificar as operações nesses bairros focando na identificação de pessoas, captura de foragidos da Justiça e retirada de armas de circulação. Elas serão baseadas em ações de inteligência e podem acontecer a qualquer momento _ revela.
Conforme o delegado regional da Susepe, Armando Maciel, desde o início do ano, uma equipe trabalha na atualização do cadastro dos apenados que têm carta de emprego, uma das exigências para o benefício de progressão de regime. Conforme Maciel, hoje, Santa Maria conta com 206 detentos _ entre homens e mulheres _ no regime semiaberto. Porém, apenas 51 possuem cartas de emprego e serão o foco da fiscalização.
Homicídios não teriam relação
O major Eduardo de Oliveira Focking, do 2º BOE, ressalta que não há qualquer tipo de ligação entre os assassinatos registrados este ano. O oficial reafirma que os homicídios foram praticados por questões de ordem pessoal entre vítimas e autores. Por isso, a hipótese de que as mortes poderiam ser resultado de uma guerra entre facções criminosas está descartada pela polícia.
Cerco ao tráfico é prioridade
Conforme um levantamento feito pelo Diário e publicado no dia 4 deste mês, nos últimos cinco anos, o número de apreensões de crack mais do que dobrou em Santa Maria. Para se ter uma ideia, em todo o ano de 2009, a Polícia Civil apreendeu cerca de 7 quilos da droga no município. No decorrer de 2013, as apreensões ultrapassaram 15,5 quilos. Isso demonstra que a oferta do entorpecente está crescendo no município. E, ao que parece, esse avanço é acompanhado de consequências que resultam em mortes.
Segundo o delegado regional da Polícia Civil em exercício, Antonio Firmino de Freitas Neto, dos seis homicídios registrados este ano na cidade, pelo menos cinco têm uma relação direta ou indireta com o tráfico de drogas.
O sociólogo e professor do programa de pós-graduação em Ciências Criminais da PUCRS Rodrigo de Azevedo, explica que esse quadro se consolida cada vez mais em todo o Brasil. O especialista afirma que, até então, este tipo de crime era uma exclusividade dos grandes centros. Porém, cada vez mais, está acontecendo o que os pesquisadores chamam de "interiorização da criminalidade".
O sociólogo argumenta ainda que o tráfico de drogas vem acompanhado de outros tipos de crimes como acerto de contas, disputa por território e até por autoridade. P"